O gráfico acima tem 438 séries. Isto significa que tem umas 430 séries a mais que o valor máximo recomendado para um gráfico de linhas. E, sendo um gráfico de Excel, tem quase o dobro do que o Excel permite. O que quero demonstrar com ele é que nem sempre os conselhos e os limites devem ser tomados de forma literal e podemos pensar um pouco sobre eles para além da letra.
Contexto em visualização de dados
O conselho para limitar o número de séries num gráfico de linhas tem como fundamento a facilidade com que se gera o efeito esparguete: um novelo de linhas em que é difícil observar qualquer padrão ou tendência.
Mas isto acontece apenas porque na verdade não sabemos bem o que queremos comunicar com o gráfico. O mesmo gráfico, com as mesmas linhas, pode ser excelente se soubermos definir prioridades e expressar essas prioridades no desenho do gráfico. Pense numa história: quem são os personagens principais? Quais são os secundários? Quais são os figurantes? Cada um deles deve ter o seu desenho adequado à sua relevância.
Aqui temos duas séries que mostram a evolução do calor acumulado (vimos este conceito aqui) em dois anos. Todas as outras linhas servem de contexto, ajudando a compreender e interpretar as séries principais.
As séries de contexto servem apenas para isso, para permitir observar onde se situam as séries principais (observando a amplitude dos valores e a sua densidade). Em geral, as séries de contexto nem precisam de ser identificadas, embora no uso interativo possamos passar o cursor por cima e identificá-las.
Número de séries em Excel
O número máximo de séries num gráfico de linhas de Excel é de 255. Isto sempre me irritou um pouco quando queria fazer gráficos com linhas de contexto que facilmente ultrapassavam esse número. Mas há outros casos. Por exemplo, nas pirâmides etárias há 150 anos (150 séries), e se dividirmos por sexo temos 300 séries.
O gráfico acima é um gráfico de dispersão com quatro séries, as duas identificáveis que poderiam estar uma legenda. Todas as outras são apenas duas, uma para cada ano. O truque é criar uma tabela como a seguinte, com uma linha vazia entre categorias:
| Categoria | Dia | Valor |
|---|---|---|
| A | 1 | 10 |
| A | 2 | 12 |
| A | 3 | 11 |
| B | 1 | 8 |
| B | 2 | 9 |
| B | 3 | 7 |
| C | 1 | 15 |
| C | 2 | 14 |
| C | 3 | 16 |
Neste exemplo, o Excel vai criar três segmentos, sempre com o eixo vertical com os valores 1, 2 ou 3 e o eixo vertical com os valores da última coluna.
O problema aqui é a necessidade de inserir a linha em branco no meio de uma tabela de dados, algo que não gosto de fazer. Mas há uma excelente solução para isso: usar como fonte, não a tabela de dados, mas uma tabela dinâmica que usa esta tabela como fonte.
A tabela deve ser formatada como na imagem. Nas opções de campos, ativar as duas opções “Repetir etiquetas de itens” e “Inserir linha em branco depois de cada rótulo de item”. Depois basta selecionar toda a coluna e as linhas vão ser representadas como se fossem séries independentes.
Uma alternativa com os novos dynamic arrays é usar VSTACK() para criar uma pilha de categorias com uma linha de separação.
Conclusão
Na maioria dos casos, os gráficos de linhas beneficiam da adição de séries de contexto. O Excel não facilita a criação de gráficos de dezenas ou centenas de séries, mas a técnica apresentada pode ser usada para as tratar apenas como uma única série, sem necessidade de alterar manualmente as características de cada uma.
(Um artigo com mais detalhes sobre como fazer um gráfico com estas séries de contexto será adicionado à biblioteca de gráficos, disponível para subscritores.)
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