14.04 Alternativas aos gráficos de barras

Introdução
Não há gráfico mais genérico que o de barras, o que é útil quando as nossas questões são elas próprias genéricas. Pensando um pouco nelas, iremos concluir que, provavelmente, temos de ajustar o foco e selecionar o gráfico em função disso. Nesta lição vamos algumas das razões para não usar gráficos de barras, e que outras opções temos.
Razões para não usar gráficos de barras
As razões para não usar gráficos de barras podem ser estritamente técnicas, ser relacionadas com a gestão do espaço, por opções estéticas, ou por um julgamento de eficácia:
- Pouca variação: quando visualmente a variação é pequena por a escala começar no zero.
- Ausência de zero real: em variáveis como a temperatura (ºF ou ºC), o zero tem pouco significado, e 20 não é o dobro de 10, pelo que não é aplicável a regra de começar a escala no zero.
- Desvio: Quando a mensagem principal é a diferença, ou desvio, a uma referência (por exemplo, diferença de remunerações entre homens e mulheres relativamente ao total).
- Espaço disponível: um gráfico de barras é pouco eficiente na utilização do espaço.
- Diferenciação: Se queremos chamar a atenção, o gráfico de barras típico não é a melhor escolha.
- Eficácia: Gráficos de barras com mais de uma série tendem a atomizar a análise, dificultando uma leitura mais integrada, como vimos no exemplo da participação no mercado de trabalho.
A utilização de pontos
Uma barra é uma variável visual pesada, pouco flexível, e à qual estão associados condicionantes, como a necessidade de começar a escala no zero. A maioria das alternativas sugeridas pelos vários autores usa pontos, os quais evitam muitas dessas restrições.
Substituição simples do gráfico de barras
Nesta substituição simples, é usado um ponto cuja posição corresponde ao topo da barra. Uma linha liga esse ponto ao eixo categórico. O resultado é algo semelhante a uma barra, mas usando menos “tinta”. Aplicam-se as mesmas guidelines, em particular quanto à necessidade de começar a escala no zero.
Remoção do zero
Se removermos a linha do gráfico anterior, deixando os pontos, a comparação passa a ser a distância entre eles, e não a sua altura / distância ao eixo. Isto significa que podemos prescindir do zero na escala. A distância relativa entre pontos é mais relevante que a diferença para a origem.
Para que seja fácil associar o ponto à respetiva categoria, este gráfico é habitualmente desenhado com uma linha de grelha para cada categoria.
Representação das diferenças
Quando temos duas séries, ambas são representadas na mesma linha de grelha, constituindo um significativo ganho de eficiência na gestão do espaço disponível. Embora as diferenças sejam claras, é útil adicionar alguma redundância. Fazemos isto ligando ambos os pontos de cada categoria com uma linha que, para além de tornar mais visíveis as distâncias entre pontos, pode ser codificada para a cor do valor mais alto, por exemplo.
Este gráfico pode ser adaptado para representar diferenças para o valor total (por exemplo, diferenças de remuneração entre homens e mulheres), com um símbolo entre estes valores, representando o total.
Aqui está um exemplo desta técnica. A Pew Research faz estes gráficos com frequência. Note a barra adicional à direita com o valor da diferença.

Direção das diferenças
Devo confessar que esta simetria entre os pontos no gráfico acima parece-me dificultar a perceção imediata da direção da mudança (aumentou, diminuiu), mesmo com um reforço da linha que une os pontos. Por vezes, prefiro esta representação, que é muito mais explícita:
Enfatizar a eficiência
Em alguns casos, o gráfico de barras pode ser substituído por um gráfico de pontos. Em vez de uma barra do zero ao valor no eixo, são colocados pontos ao longo do eixo, tornando o gráfico muito mais eficiente na ocupação do espaço. No entanto, a posição dos rótulos não é automática e simples como num gráfico de barras, pelo que poderá obrigar a um trabalho manual extra.
Não é o caso, mas já vimos exemplos em que o valor máximo é muito superior aos restantes, obrigando a aumentar a largura do gráfico e tornando-o pouco eficiente. Nesses casos, o gráfico strip plot é particularmente adequado, e com frequência ocupando uma fração do gráfico de barras. Veja o exemplo seguinte:

Neste exemplo de uma publicação do Eurostat, este tipo de gráfico foi integrado na margem da página.

Note como o problema dos rótulos foi resolvido: com as percentagens arredondadas, foi possível alinhar vários rótulos, e a amplitude da escala permite que a diferença entre percentagens seja suficiente para a separação dos rótulos.
Eficácia
Para exemplos de mais eficácia usando alternativas ao gráfico de barras veja a lição sobre duas ou mais séries.
Estética
Gráficos de barras não chamam a atenção. Mas um gráfico de barras não tem de parecer um gráfico de barras, e há muitos gráficos que procuram isso. Ou poderá ser facilmente reconhecível e até reproduzível no Excel e mesmo assim o resultado ser extraordinário. É o caso deste gráfico de Simon Scarr, em que a metáfora utilizada, o sangue derramado, tem na sua base um gráfico de barras invertido com o topo das barras arredondado.

Conclusão
O gráfico de barras é fácil de fazer e de interpretar, pelo que tem o seu lugar em muitas formas de representação de dados. Também é suficientemente genérico para responder a vários tipos de questões. Porém, tende a ser sobre-utilizado, mesmo quando há formatos disponíveis mais eficazes.
Nesta lista vimos algumas das alternativas mais comuns e de que forma elas se diferenciam do ponto de vista das perguntas a que respondem, e das variáveis visuais que usam. Vimos também que o gráfico de barras é ineficiente no uso do espaço disponível, pelo que esse critério poderá influenciar a escolha de outras variáveis visuais (no desenho de gráficos que sejam vistos primariamente num telemóvel esse critério poderá ser relevante).
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