O peso crescente das despesas com a habitação (rendas, reparações e utilities) não é uma novidade, nem algo que seja exclusivo de Portugal. Mas, desde o longínquo 1988, quando essa proporção era apenas de 12%, para os 39% atuais, o crescimento tem sido contínuo.
Fonte: Eurostat
Esta é uma forma muito indireta de observar o problema, e há certamente indicadores específicos que o mostram com mais precisão. Mas em 2010, quando chegou aos 30%, não se tornou evidente que estávamos a ignorar algo que só iria piorar? Não houve governo ou autarquias onde soasse o mais pequeno sinal de alarme?
Esta inação é mais uma manifestação da incapacidade de resolver problemas que vão para além da legislatura: desde a mobilidade, onde perdemos literalmente todos os comboios, ao o tic-tac da bomba demográfica (com os seus problemas laterais como as migrações).