Os conhecidos que desconhecemos
Ficou famosa uma citação do antigo secretário da defesa americano Donald Rumsfeld:
(...) como sabemos, há os “conhecidos conhecidos”: há coisas que sabemos que sabemos. Também sabemos que há “conhecidos desconhecidos”, ou seja, sabemos que há coisas que não sabemos. Mas também existem os “desconhecidos desconhecidos” — aqueles que não sabemos que não sabemos.
Faltou nesta lista os “desconhecidos conhecidos”, ou seja, aquilo que não sabemos que sabemos. O que de algum modo retrata, por exemplo, a burocracia do Estado, quando nos pede um documento que já tem.
Vem isto a propósito de um webinar com Alberto Cairo, excelente introdução à visualização de dados, o que não surpreende. Foi promovido pela Data Europa Academy da União Europeia (não conhecia, mas quem consegue conhecer todas as instituições da UE?). Os materiais do webinar podem ser encontrados aqui.
Em dado momento, Alberto Cairo nota que textos oblíquos ou verticais em etiquetas nos gráficos devem ser evitados e dá um exemplo semelhante a este. Depois mostra com a solução de bom senso, barras horizontais, em que o texto também é representado horizontalmente e tudo é mais fácil de ler.

Se forem X do Eurostat verão que não faltam gráficos com este formato. Aliás, este em concreto foi publicado no dia a seguir ao webinar.
O que é interessante, e liga com o desconhecido conhecido do início, é que não há falta de conhecimento sobre algumas práticas consensuais em visualização de dados no Eurostat. E nota-se que há pequenas mudanças. Há também alterações complexas que são difíceis de implementar numa máquina como UE. Mas este formato de gráfico, especificamente, não suscita qualquer controvérsia. Não entendo por que existe, para além da inércia.
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